Jó 19 – Almeida Revista Atualizada 1993

Jó queixa-se da obstinação e dureza dos seus amigos

1  Então, respondeu Jó:

2Até quando afligireis a minha alma e me quebrantareis com palavras?

3Já dez vezes me vituperastes e não vos envergonhais de injuriar-me.

4Embora haja eu, na verdade, errado, comigo ficará o meu erro.

5Se quereis engrandecer-vos contra mim e me argüis pelo meu opróbrio,

6sabei agora que Deus é que me oprimiu e com a sua rede me cercou.

7Eis que clamo: violência! Mas não sou ouvido; grito: socorro! Porém não há justiça.

8¶ O meu caminho ele fechou, e não posso passar; e nas minhas veredas pôs trevas.

9Da minha honra me despojou e tirou-me da cabeça a coroa.

10Arruinou-me de todos os lados, e eu me vou; e arrancou-me a esperança, como a uma árvore.

11Inflamou contra mim a sua ira e me tem na conta de seu adversário.

12Juntas vieram as suas tropas, prepararam contra mim o seu caminho e se acamparam ao redor da minha tenda.

13Pôs longe de mim a meus irmãos, e os que me conhecem, como estranhos, se apartaram de mim.

14Os meus parentes me desampararam, e os meus conhecidos se esqueceram de mim.

15Os que se abrigam na minha casa e as minhas servas me têm por estranho, e vim a ser estrangeiro aos seus olhos.

16Chamo o meu criado, e ele não me responde; tenho de suplicar-lhe, eu mesmo.

17O meu hálito é intolerável à minha mulher, e pelo mau cheiro sou repugnante aos filhos de minha mãe.

18Até as crianças me desprezam, e, querendo eu levantar-me, zombam de mim.

19Todos os meus amigos íntimos me abominam, e até os que eu amava se tornaram contra mim.

20Os meus ossos se apegam à minha pele e à minha carne, e salvei-me só com a pele dos meus dentes.

21Compadecei-vos de mim, amigos meus, compadecei-vos de mim, porque a mão de Deus me atingiu.

22Por que me perseguis como Deus me persegue e não cessais de devorar a minha carne?

23¶ Quem me dera fossem agora escritas as minhas palavras! Quem me dera fossem gravadas em livro!

24Que, com pena de ferro e com chumbo, para sempre fossem esculpidas na rocha!

25Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra.

26Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus.

27Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros; de saudade me desfalece o coração dentro de mim.

28Se disserdes: Como o perseguiremos? E: A causa deste mal se acha nele,

29temei, pois, a espada, porque tais acusações merecem o seu furor, para saberdes que há um juízo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *