Gênesis 31 – Almeida Revista Atualizada 1993

Deus manda Jacó tornar à terra dos seus pais

1  Então, ouvia Jacó os comentários dos filhos de Labão, que diziam: Jacó se apossou de tudo o que era de nosso pai; e do que era de nosso pai juntou ele toda esta riqueza.

2Jacó, por sua vez, reparou que o rosto de Labão não lhe era favorável, como anteriormente.

3E disse o SENHOR a Jacó: Torna à terra de teus pais e à tua parentela; e eu serei contigo.

4Então, Jacó mandou vir Raquel e Lia ao campo, para junto do seu rebanho,

5e lhes disse: Vejo que o rosto de vosso pai não me é favorável como anteriormente; porém o Deus de meu pai tem estado comigo.

6Vós mesmas sabeis que com todo empenho tenho servido a vosso pai;

7mas vosso pai me tem enganado e por dez vezes me mudou o salário; porém Deus não lhe permitiu que me fizesse mal nenhum.

8Se ele dizia: Os salpicados serão o teu salário, então, todos os rebanhos davam salpicados; e se dizia: Os listados serão o teu salário, então, os rebanhos todos davam listados.

9Assim, Deus tomou o gado de vosso pai e mo deu a mim.

10Pois, chegado o tempo em que o rebanho concebia, levantei os olhos e vi em sonhos que os machos que cobriam as ovelhas eram listados, salpicados e malhados.

11E o Anjo de Deus me disse em sonho: Jacó! Eu respondi: Eis-me aqui!

12Ele continuou: Levanta agora os olhos e vê que todos os machos que cobrem o rebanho são listados, salpicados e malhados, porque vejo tudo o que Labão te está fazendo.

13Eu sou o Deus de Betel, onde ungiste uma coluna, onde me fizeste um voto; levanta-te agora, sai desta terra e volta para a terra de tua parentela.

14Então, responderam Raquel e Lia e lhe disseram: Há ainda para nós parte ou herança na casa de nosso pai?

15Não nos considera ele como estrangeiras? Pois nos vendeu e consumiu tudo o que nos era devido.

16Porque toda a riqueza que Deus tirou de nosso pai é nossa e de nossos filhos; agora, pois, faze tudo o que Deus te disse.

17¶ Então, se levantou Jacó e, fazendo montar seus filhos e suas mulheres em camelos,

18levou todo o seu gado e todos os seus bens que chegou a possuir; o gado de sua propriedade que acumulara em Padã-Arã, para ir a Isaque, seu pai, à terra de Canaã.

19Tendo ido Labão fazer a tosquia das ovelhas, Raquel furtou os ídolos do lar que pertenciam a seu pai.

20E Jacó logrou a Labão, o arameu, não lhe dando a saber que fugia.

21E fugiu com tudo o que lhe pertencia; levantou-se, passou o Eufrates e tomou o rumo da montanha de Gileade.

Labão prossegue atrás de Jacó

22No terceiro dia, Labão foi avisado de que Jacó ia fugindo.

23Tomando, pois, consigo a seus irmãos, saiu-lhe no encalço, por sete dias de jornada, e o alcançou na montanha de Gileade.

24De noite, porém, veio Deus a Labão, o arameu, em sonhos, e lhe disse: Guarda-te, não fales a Jacó nem bem nem mal.

25¶ Alcançou, pois, Labão a Jacó. Este havia armado a sua tenda naquela montanha; também Labão armou a sua com seus irmãos, na montanha de Gileade.

26E disse Labão a Jacó: Que fizeste, que me lograste e levaste minhas filhas como cativas pela espada?

27Por que fugiste ocultamente, e me lograste, e nada me fizeste saber, para que eu te despedisse com alegria, e com cânticos, e com tamboril, e com harpa?

28E por que não me permitiste beijar meus filhos e minhas filhas? Nisso procedeste insensatamente.

29Há poder em minhas mãos para vos fazer mal, mas o Deus de vosso pai me falou, ontem à noite, e disse: Guarda-te, não fales a Jacó nem bem nem mal.

30E agora que partiste de vez, porque tens saudade da casa de teu pai, por que me furtaste os meus deuses?

31Respondeu-lhe Jacó: Porque tive medo; pois calculei: não suceda que me tome à força as suas filhas.

32Não viva aquele com quem achares os teus deuses; verifica diante de nossos irmãos o que te pertence e que está comigo e leva-o contigo. Pois Jacó não sabia que Raquel os havia furtado.

33Labão, pois, entrou na tenda de Jacó, na de Lia e na das duas servas, porém não os achou. Tendo saído da tenda de Lia, entrou na de Raquel.

34Ora, Raquel havia tomado os ídolos do lar, e os pusera na sela de um camelo, e estava assentada sobre eles; apalpou Labão toda a tenda e não os achou.

35Então, disse ela a seu pai: Não te agastes, meu senhor, por não poder eu levantar-me na tua presença; pois me acho com as regras das mulheres. Ele procurou, contudo não achou os ídolos do lar.

36¶ Então, se irou Jacó e altercou com Labão; e lhe disse: Qual é a minha transgressão? Qual o meu pecado, que tão furiosamente me tens perseguido?

37Havendo apalpado todos os meus utensílios, que achaste de todos os utensílios de tua casa? Põe-nos aqui diante de meus irmãos e de teus irmãos, para que julguem entre mim e ti.

38Vinte anos eu estive contigo, as tuas ovelhas e as tuas cabras nunca perderam as crias, e não comi os carneiros de teu rebanho.

39Nem te apresentei o que era despedaçado pelas feras; sofri o dano; da minha mão o requerias, tanto o furtado de dia como de noite.

40De maneira que eu andava, de dia consumido pelo calor, de noite, pela geada; e o meu sono me fugia dos olhos.

41Vinte anos permaneci em tua casa; catorze anos te servi por tuas duas filhas e seis anos por teu rebanho; dez vezes me mudaste o salário.

42Se não fora o Deus de meu pai, o Deus de Abraão e o Temor de Isaque, por certo me despedirias agora de mãos vazias. Deus me atendeu ao sofrimento e ao trabalho das minhas mãos e te repreendeu ontem à noite.

O pacto entre Labão e Jacó em Galeede

43¶ Então, respondeu Labão a Jacó: As filhas são minhas filhas, os filhos são meus filhos, os rebanhos são meus rebanhos, e tudo o que vês é meu; que posso fazer hoje a estas minhas filhas ou aos filhos que elas deram à luz?

44Vem, pois; e façamos aliança, eu e tu, que sirva de testemunho entre mim e ti.

45Então, Jacó tomou uma pedra e a erigiu por coluna.

46E disse a seus irmãos: Ajuntai pedras. E tomaram pedras e fizeram um montão, ao lado do qual comeram.

47Chamou-lhe Labão Jegar-Saaduta; Jacó, porém, lhe chamou Galeede.

48E disse Labão: Seja hoje este montão por testemunha entre mim e ti; por isso, se lhe chamou Galeede

49e Mispa, pois disse: Vigie o SENHOR entre mim e ti e nos julgue quando estivermos separados um do outro.

50Se maltratares as minhas filhas e tomares outras mulheres além delas, não estando ninguém conosco, atenta que Deus é testemunha entre mim e ti.

51Disse mais Labão a Jacó: Eis aqui este montão e esta coluna que levantei entre mim e ti.

52Seja o montão testemunha, e seja a coluna testemunha de que para mal não passarei o montão para lá, e tu não passarás o montão e a coluna para cá.

53O Deus de Abraão e o Deus de Naor, o Deus do pai deles, julgue entre nós. E jurou Jacó pelo Temor de Isaque, seu pai.

54E ofereceu Jacó um sacrifício na montanha e convidou seus irmãos para comerem pão; comeram pão e passaram a noite na montanha.

55Tendo-se levantado Labão pela madrugada, beijou seus filhos e suas filhas e os abençoou; e, partindo, voltou para sua casa.

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